09 fevereiro 2007

BARBÁRIE

Nos últimos dois dias o Rio de Janeiro vivenciou mais dois casos de violência extrema. Ambos foram crimes bárbaros. Parece que a tal "Força Nacional de Segurança Pública" não mete medo na bandidagem.





Menino de seis anos arrastado por sete quilômetros pelos marginais.
Foto: Site G1

A VIOLÊNCIA SEM FIM NO RIO DE JANEIRO E O TRÁFICO DE DROGAS

O Rio é hoje uma cidade medieval. Como nas urbes européias do século XIII, vende-se de tudo em suas vias: alimentos, animais, ungüentos e poções milagrosas. Há videntes, ciganos e curandeiros. Artesãos e um sem-número de faz-tudo à disposição. A população alivia-se em qualquer lugar e vias e calçamento precário fedem a urina e fezes. Há carcaças sendo comidas por abutres e o esgoto, em muitos bairros, corre em valas abertas, onde brincam crianças. Arruaceiros brigam pelas ruas ao mesmo tempo em que prostitutas oferecem seus corpos em locais onde passam famílias. Nas estradas salteadores impiedosos roubam o povo, matando os que se lhes opõem; veículos de passageiros e de cargas são saqueados e queimados. Palácios são fortificados e cercados de exércitos particulares. O quadro se completa com a atuação do Estado: olha, ignora e cumpre seu papel primordial de cobrador de impostos, sem qualquer obrigação de contrapartida. Teremos andado 700 anos para trás? [Luís Soledade Santos, “Rio medieval”, em O Globo, 02/06/2003, pg. 6].

Foi uma cruel coincidência o Rio ter mergulhado no caos de violência e decadência que acaba de ser ilustrado? Aparentemente, sim. Mas, examinadas as coisas mais de perto, não. Houve uma deliberação clara do crime organizado, no sentido de incluir o Brasil no organograma de produção/consumo/exportação de tóxicos. Não esqueçamos que o narcotráfico constitui a maior multinacional do planeta, que rivaliza com as companhias petroleiras. Os narcotraficantes ostentam lucros de aproximadamente 500 bilhões de dólares por ano.

BRASIL: PARAÍSO PARA O TRÁFICO

1) o Brasil possui imensas e livres fronteiras;
2) a pobreza no interior das áreas da Amazônia e do Centro-Oeste é permanente;
3) a população, sempre crescente, reúne uma classe média de muitos milhões de pessoas, clientes potenciais da droga, então tida como chique;
4) as legislações que tratam de imigração, estabelecimento de estrangeiros e assemelhados são quase um convite;
5) fronteiras com o mar de mais de oito mil quilômetros;
6) miscigenação total; encontra-se brasileiro com nome de árabe, chinês, japonês, turco, boliviano, etc.;
7) consumismo e lazer marcam o comportamento de ricos e pobres, facilitando festas e estas drogas...”.