23 setembro 2008

Brasil tem nota 3,5 no ranking da corrupção da Transparência Internacional

País aparece em 80º lugar entre 180 países, segundo a ONG.

Iraque, Somália, Mianmar e Haiti são casos mais graves no mundo.

As melhores nações em termos de transparência são Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia, com nota 9,3, seguido de Cingapura, com 9,2.

O índice vai de 10 para um Estado considerado "limpo" a zero para um Estado "corrupto". O Brasil tem nota 3,5.

O Brasil aparece em 80º lugar no ranking de 180 países divulgado nesta terça-feira (23), em Berlim, no relatório anual da ONG Transparency International (TI, Transparência Internacional).

O país aparece com nota 3,5 em uma escala de 0 a 10, empatado com Burkina Faso, Marrocos, Arábia Saudita e Tailândia. No ano passado, o país havia ficado em 72º lugar, com a mesma nota 3,5, empatado com China, Índia, México, Marrocos, Peru e Suriname.

Veja o ranking completo

No documento deste ano, a organização diz que a corrupção nos países pobres é uma verdadeira "catástrofe humanitária" que mata.

"Nos países mais pobres, a corrupção pode ser uma questão de vida ou morte, por exemplo quando o dinheiro para os hospitais ou para água potável está em jogo", advertiu a presidente da ONG, Huguette Labelle, em entrevista à imprensa na capital alemã.

O relatório coloca Iraque, Somália, Mianmar e ainda o Haiti entre os casos mais graves de corrupção no mundo. "Mas o fenômeno não poupa democracias ocidentais desenvolvidas", acrescenta o relatório 2008 da ONG.

Desde 1995, a ONG publica todo ano um índice de percepções da corrupção (CPD) classificando 180 países segundo a análise de um grupo internacional de empresários, especialistas e universitários.

"A persistência dos altos níveis de corrupção e de pobreza que atingem inúmeros países no mundo é comparável a uma catástrofe humanitária permanente e não pode ser tolerada", comentou Labelle.

Os recuos mais acentuados foram registrados por Bulgária, Burundi, Maldivas, Noruega e Reino Unido. Ao contrário, tiveram progressos significativos Albânia, Chipre, Geórgia, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Qatar, Coréia do Sul, Tonga e Turquia, segundo a ONG.

Os países pobres são frequentemente penalizados por uma justiça corrupta e um sistema parlamentar ineficaz. Os países mais desenvolvidos, por sua vez, sofrem com um sistema de regulamentação insuficiente do setor privado e com a falta de controle das instituições e das transações financeiras, segundo a TI.

"Para lutar contra a corrupção, é necessário realizar um controle forte via Parlamentos, forças de execução da lei, mídias independentes e uma sociedade civil dinâmica", disse Labelle.

"Quando estas instituições são fracas, a espiral da corrupção foge ao controle com horríveis conseqüências para o povo, e em geral para a justiça e o respeito da igualdade", destacou.

Nos países pobres, a corrupção ameaça a realização das Metas do Milênio para o Desenvolvimento que foram fixados pelas Nações Unidas com vistas a 2015.

A ONG espera que as constatações de seu relatório anual incentivem os países doadores, que vão se reunir no próximo dia 25 em Nova York para a Assembléia Geral da ONU, a dobrarem suas ajudas para reforçar as instituições nos países pobres.

Fontes: G1 / Agências Internacionais