23 dezembro 2008

20 anos da morte de Chico Mendes

Neste 22 de dezembro se cumpriu duas décadas da morte de um mito: o líder seringueiro, sindicalista e ambientalista Chico Mendes. a Floresta Amazônica e milhares de trabalhadores extrativistas ainda esperam que seu ideal seja alcançado

Chico vive, hoje, em nomes de avenidas, parques, institutos, fundações, prêmios, na memória afetiva da população e em cada canto da floresta. Mas o que sobrou do seu legado?

Raimundo Monteiro, 68 anos, é um dos homens que mais tempo e intensamente conviveu com Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, seringueiro, sindicalista e estandarte da causa ambiental assassinado há 20 anos, no mesmo mês de dezembro em que completaria 64 anos - Chico foi morto com tiros por Darci Alves Pereira, a mando do pai de Darci, Darly Alves da Silva. Ambos foram condenados a 19 anos de prisão. Antes de serem companheiros de sindicato e de embates, Chico e Raimundo compartilharam o ofício de extração do látex e os tempos de juventude. O primeiro tinha 21 anos e o segundo, 16, quando se conheceram no seringal Cachoeira, em Xapuri, no Acre.

Chico vive, hoje, nas 56 reservas extrativistas criadas no país. Em nomes de avenidas, parques, institutos nacionais, fundações, prêmios. Mas estará ainda viva, na prática mais que no discurso, a obsessão por seus ideais mais caros? As opiniões se dividem, e Raimundo prefere o otimismo. Depois de amargar ao menos cinco anos de preços baixos pagos pelo quilo da borracha, ele vê na instalação em Xapuri da fábrica de preservativos Natex - iniciativa do governo estadual com apoio do governo federal -, um novo caminho para uma via de poucas saídas. Hoje, a Natex paga 4,10 reais por quilo de borracha seca (equivalente a aproximadamente dois quilos de látex, o líquido branco retirado da seringueira). Nos anos 80, o quilo do látex chegou a valer 40 centavos de real. Raimundo é um dos fornecedores de matéria-prima da empresa, entregando todas as semanas 48 litros de látex (24 quilos de borracha seca), extraídos em sua colocação (área do seringal), a Fazendinha. Enquanto a Natex absorveu a produção de 450 famílias em 2008, o governo estadual melhorou as condições dos ramais de acesso às comunidades e expandiu a rede elétrica. Mas um termo chave da negociação, a forma de pagamento, é contestada por muitos seringueiros. A gerente geral da empresa, Dirlei Bersch, diz que os trabalhadores começaram 2007 recebendo mensalmente. Depois, a cada quinze dias e, hoje, semanalmente. No entanto, de acordo com o gerente de campo da Natex, João Pereira da Silva, alguns esperaram até 50 dias pela paga, em função da burocracia para a liberação da verba.

Manoel Vieira Ferreira, 66 anos, foi um deles. Cearense, ele é filho de um dos mais de 50 mil "soldados da borracha", nordestinos que migraram para a Amazônia no início da década de 40, alistados pelo governo com a missão de extrair borracha para suprir a indústria bélica norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial. Manoel cresceu sabendo que o pai veio para um Acre bastante diferente do que "comprou" das propagandas governistas. "Nos cartazes, eles colocavam aquela mata fechada bonita, um monte de seringueira de um lado da propriedade, do outro, o rio. Mas para chegar a uma árvore de seringa, a gente tem de andar até duas horas." Na Reserva Extrativista Chico Mendes, ele se fez seringueiro por herança imaterial, desde os 12 anos, e só parou há pouco mais de seis.

Casa de Chico Mendes: a residência, aberta à visitação pública, conserva a maioria de seus objetos

Manoel largou a borracha porque a resistência física diminuiu e a aposentadoria de um salário-mínimo, insuficiente, chegou. Agora, ele complementa a renda vendendo milho, farinha, algum látex que o filho extrai em suas estradas, criações pequenas de porco, galinha e boi. Como muitos na região, ele recorreu ao gado para manter a família. Até setembro, contava com 80 cabeças, mais do que as 30 permitidas pelo plano de manejo da Resex (Reserva Extrativista) Chico Mendes, onde vive. De um mês para o outro, reduziu o rebanho a 40 unidades. Quem conhece Manoel, sua casa e terras, compreende que o que o moveu a vender bezerros - "um forte vale uns 300 contos" - não foi a ganância, e sim a necessidade. "O seringueiro precisa do dinheiro na mão. Adoeci aqui um tempo que se não fosse o boi, eu morria."

Raimundo Monteiro: juventude, sindicalismo, embates e empates ao lado do amigo deixaram saudade

Milhares de ex-seringueiros e extrativistas se encontram em situação semelhante no Acre. Em 2006, de acordo com José Maria de Aquino, coordenador do Conselho Nacional dos Seringueiros no estado, foram contabilizadas aproximadamente 12 mil famílias extrativistas, das quais fazem parte cerca de 20 mil seringueiros. Destes, apenas 3.119 trabalhadores, 13,9% do total, estavam de fato em atividade, segundo dados da Seaprof - Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar. No ano passado, esse número caiu para 2.787. "Viver só da seringa, nenhuma família mais vive", afirma Aquino. A complementação do orçamento vem de outras atividades extrativistas, pequenas lavouras e criação de boi.

Alguns moradores da Resex Chico Mendes chegam a mais de 200 cabeças de gado. E seja por necessidade ou cobiça, a criação de boi soterra a Floresta Amazônica. É fato que unidades de conservação estaduais, federais e terras indígenas ultrapassam 50% dos mais de 15 milhões de hectares de território do estado. Entretanto, de acordo com o sistema Prodes de monitoramento por satélite, utilizado pelo INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, desde 1988, mais de 1,12 milhão de hectares foram desmatados no Acre - área superior a 7% de seu território.

Mesmo dentro dos redutos protegidos por lei, a floresta seguiu caindo. E queimando. Dados do SIPAM - Sistema de Proteção da Amazônia, apontam que, até 2007, 153.920 hectares foram desmatados nessas porções de mata. Ironia do destino, a Resex Chico Mendes, a maior delas, com mais de 930 mil hectares, é também a que mais árvores tombou: cerca de 58 mil hectares, ou 6,26% do total. Enquanto vivo, Chico se debatia ainda com uma terceira preocupação: o analfabetismo nos seringais. O Projeto Seringueiro surgiu em 1981 em resposta a essa deficiência, identificando locais carentes de escolas e treinando ali pessoas que lecionavam voluntariamente, todos os fins de semana, para adultos e crianças. Ademir Pereira Rodrigues, 51 anos, acompanhou esse trabalho desde o início. Seu olhar percorre décadas quando recorda que participou do segundo curso de formação de professores, ainda em 1981. Ele sabe que deixou seu suor e dedicação, como digitais, nas mais de 40 escolas instaladas no interior da floresta e no conhecimento transmitido a pelo menos 3.000 alunos. Até o ano passado, o Projeto Seringueiro ainda administrava boa parte das unidades. A partir deste histórico 2008, o governo estadual tomou para si o programa, todas as suas unidades de ensino e equipe técnica, da qual faz parte Ademir.

Castanheiras estéreis resistem nas fazendas e recepcionam quem chega à cidade de Chico Mendes

Ademir foi o último a ser ouvido na cidade de Chico Mendes. Mas é a saudade de Raimundo que parece presente ao longo da estrada que leva a Rio Branco. Nas muitas seringueiras que deixaram de produzir. Nas castanheiras que pararam de frutificar, estéreis entre grandes rebanhos e saudosas da abelha mangangá, que já não pode polinizá-las por não ter como degraus as árvores mais baixas. Na matriarcal Floresta Amazônica reduzida a ilhas, depois de ceder seu lugar à sucessão monótona de fazendas e, agora, de plantações de cana-de-açúcar. Seringueira, castanheira, Floresta Amazônica, Chico Mendes. Raimundo sintetizou: saudade.

Fonte: Clarice Couto - Fotos Ernesto de Souza

16 dezembro 2008

Bush, o jornalista e o sapato voador

Ilustração e dedicatória de Zack Furness ao jornalista Muntadar al-Zeidi, o iraquiano que lançou os sapatos em Bush. Zack Furness apresenta-se como um membro do site Bad Subject e é um indíviduo atualmente triste pelos reflexos rápidos do presidente dos EUA

O jornalista iraquiano Muntadar al-Zaidi, sem temer pisar em falso, marcou, na base da botinada, a despedida do presidente dos Estados Unidos do palco internacional.

Tudo aconteceu um dia depois de o secretário de Defesa Robert Gates ter dito que a presença militar americana no Iraque está ‘‘no fim do jogo’’, em menção ao acordo estabelecido entre americanos e iraquianos, segundo o qual os soldados dos Estados Unidos marcharão para fora do Iraque em 2011.

Parecia em evento político como outro qualquer no domingo (14). Bush concedia uma entrevista coletiva em Bagdá, a um passo do premiê iraquiano, Nouri al Maliki.

Mas ele não sabia que, entre os presentes, havia um repórter que deve ter amanhecido com o pé esquerdo.

O profissional em questão se levantou e, aos gritos de “cachorro”, almejou seu calçado na direção do homem mais poderoso do mundo.



O iraquiano não jogou apenas um, mas os seus dois sapatos na direção do líder dos Estados Unidos e o fez demonstrando boa pontaria.

Bush, que, reza a lenda, costuma, com relativa regularidade, começar o dia se calçando para ir correr e pedalar, usou de agilidade para se desviar dos dois golpes desferidos pelo homem do “sapato-bomba”.

Talvez um dia venhamos a saber se o gesto do arremessador de sapatos foi um improviso ou um ato calculado passo a passo, contemplando o ângulo ideal e a a velocidade de um corpo em movimento.

Golpear alguém com a sola do calçado é considerado um insulto supremo no mundo árabe.

Bruno Garcez (editado)

06 novembro 2008

Um dia que entra para a história

Barack Hussein Obama, 47 anos, foi eleito nesta terça-feira (4) o 44º presidente da história dos Estados Unidos em uma votação marcada pela presença maciça dos eleitores, mesmo com o voto não sendo obrigatório. Ele será o primeiro negro a chefiar a nação mais rica do planeta.

No discurso da vitória, o senador democrata disse que a "hora da mudança chegou à América".

Assim como a queda do Muro de Berlim, a vitória de Obama entra para a História como algo tido como inimaginável, pode acontecer. Num país onde os negros formam cerca de 13% da população, mas ganham menos e são menos saudáveis que a média, essa vitória sinaliza uma mudança nas complicadas relações raciais amaricanas.

Ele concorreu fazendo um apelo por “mudança”, palavra chave da sua campanha, e conseguiu empolgar o eleitorado, especialmente os mais jovens, com propostas de rompimento com o atual governo.

Algumas posições de Obama:

Aborto: A favor dos direitos da interrupção voluntária da gravidez.

Afeganistão: Reforço com sete mil soldados do contingente norte-americano (32 mil). As tropas seriam retiradas do Iraque. Obama ameaçou lançar um ataque unilateral a alvos terroristas no Paquistão, caso este país "não consiga ou não atue" contra os mesmos.

Aquecimento Global: Apoia a criação de um fundo, durante dez anos, de 150 bilhões de dólares para biocombustíveis e energias renováveis (eólica, solar...). Redução em 80 por cento dos gases poluentes em 2050.

Casamento homossexual: Apoia as uniões civis, cabendo aos Estados deliberar sobre as mesmas.

Crise financeira: Propõe um plano bianual e uma taxa de crédito de três mil dólares para empresas, por cada emprego criado. Ampliação dos benefícios para os desempregados.

Iraque: Inicialmente contra a guerra, opôs-se ao envio de mais tropas para o território. Mas, depois, votou a favor, enquanto senador, de mais verbas para financiar a guerra.

Pena de morte: Defende a pena capital para crimes que justificam a expressão da "raiva" de uma comunidade.

Prisão de Guantánamo: Encerramento do centro de detenção.

O perfil do novo presidente americano:

Nascimento: 4 de agosto de 1961, Honolulu, Havaí.
Educação: Universidade de Columbia, bacharelado; Harvard Law, doutorado juris.
Carreira: Líder comunitário, Projeto de Desenvolvimento de Comunidades, 1985-88; advogado, firma de Miner Barnhill e Galland, 1993-2004; Senado do Estado de Illinois 1997-2004; Senado dos Estados Unidos, 2004-atual.
Família: Casado desde 1992 com Michelle Robinson Obama; duas filhas, Malia, nascida em 1998; Sasha, nascida em 2001.
Hobbies: Basquete, escrever, golfe, pôquer, ler, passar tempo com sua família, assistir ao "SportsCenter" na ESPN.

Foto: AFP

23 setembro 2008

Brasil tem nota 3,5 no ranking da corrupção da Transparência Internacional

País aparece em 80º lugar entre 180 países, segundo a ONG.

Iraque, Somália, Mianmar e Haiti são casos mais graves no mundo.

As melhores nações em termos de transparência são Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia, com nota 9,3, seguido de Cingapura, com 9,2.

O índice vai de 10 para um Estado considerado "limpo" a zero para um Estado "corrupto". O Brasil tem nota 3,5.

O Brasil aparece em 80º lugar no ranking de 180 países divulgado nesta terça-feira (23), em Berlim, no relatório anual da ONG Transparency International (TI, Transparência Internacional).

O país aparece com nota 3,5 em uma escala de 0 a 10, empatado com Burkina Faso, Marrocos, Arábia Saudita e Tailândia. No ano passado, o país havia ficado em 72º lugar, com a mesma nota 3,5, empatado com China, Índia, México, Marrocos, Peru e Suriname.

Veja o ranking completo

No documento deste ano, a organização diz que a corrupção nos países pobres é uma verdadeira "catástrofe humanitária" que mata.

"Nos países mais pobres, a corrupção pode ser uma questão de vida ou morte, por exemplo quando o dinheiro para os hospitais ou para água potável está em jogo", advertiu a presidente da ONG, Huguette Labelle, em entrevista à imprensa na capital alemã.

O relatório coloca Iraque, Somália, Mianmar e ainda o Haiti entre os casos mais graves de corrupção no mundo. "Mas o fenômeno não poupa democracias ocidentais desenvolvidas", acrescenta o relatório 2008 da ONG.

Desde 1995, a ONG publica todo ano um índice de percepções da corrupção (CPD) classificando 180 países segundo a análise de um grupo internacional de empresários, especialistas e universitários.

"A persistência dos altos níveis de corrupção e de pobreza que atingem inúmeros países no mundo é comparável a uma catástrofe humanitária permanente e não pode ser tolerada", comentou Labelle.

Os recuos mais acentuados foram registrados por Bulgária, Burundi, Maldivas, Noruega e Reino Unido. Ao contrário, tiveram progressos significativos Albânia, Chipre, Geórgia, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Qatar, Coréia do Sul, Tonga e Turquia, segundo a ONG.

Os países pobres são frequentemente penalizados por uma justiça corrupta e um sistema parlamentar ineficaz. Os países mais desenvolvidos, por sua vez, sofrem com um sistema de regulamentação insuficiente do setor privado e com a falta de controle das instituições e das transações financeiras, segundo a TI.

"Para lutar contra a corrupção, é necessário realizar um controle forte via Parlamentos, forças de execução da lei, mídias independentes e uma sociedade civil dinâmica", disse Labelle.

"Quando estas instituições são fracas, a espiral da corrupção foge ao controle com horríveis conseqüências para o povo, e em geral para a justiça e o respeito da igualdade", destacou.

Nos países pobres, a corrupção ameaça a realização das Metas do Milênio para o Desenvolvimento que foram fixados pelas Nações Unidas com vistas a 2015.

A ONG espera que as constatações de seu relatório anual incentivem os países doadores, que vão se reunir no próximo dia 25 em Nova York para a Assembléia Geral da ONU, a dobrarem suas ajudas para reforçar as instituições nos países pobres.

Fontes: G1 / Agências Internacionais

12 agosto 2008

Livro polêmico mostra avanços e horrores da medicina de guerra no Iraque

Combates no Afeganistão durante guerra ao terror também deram combustível a obra.

Médicos americanos criaram novas formas de salvar vidas; EUA ameaçaram censura.

Livro do Exército americano mostra cirurgias feitas em áreas de guerra

As fotografias mostram membros triturados, rostos queimados, feridas sangrando profusamente. Os fotografados são, em sua maioria, soldados americanos, mas incluem iraquianos e afegãos, alguns deles crianças.

Essas imagens fazem parte de um novo livro, “War Surgery in Afghanistan and Iraq: A Series of Cases, 2003-2007”, silenciosamente lançado pelo exército dos Estados Unidos – o primeiro guia de novas técnicas para cirurgiões de campos de batalha americanos a ser publicado enquanto as guerras contempladas na publicação ainda estão sendo travadas.

As descrições de 83 casos de 53 médicos de campos de batalha são clínicas e completamente secas, mas as imagens horrorosas ilustram a natureza cruel das guerras de hoje em dia, nas quais mais pessoas são feridas por explosões do que por balas, e coletes a prova de balas salvam muitas vidas, mas deixam as vítimas mutiladas.

Os casos detalham avanços importantes no tratamento de amputações por explosões, sangramento forte, concussões causadas por bombas e outros traumas de linha de frente.

Apesar de ser produzido com muitos recursos e incluir um prefácio do correspondente da ABC Bob Woodruff, que foi seriamente ferido por uma bomba improvisada em 2006, “War Surgery” não é fácil de ser encontrado. O exército realizou grandes esforços no ano passado para censurar o livro e mantê-lo longe das mãos dos civis.

Censura

Paradoxalmente, o livro está sendo publicado ao mesmo tempo em que novos fotógrafos reclamam que estão sendo expulsos de áreas de combate por retratar americanos mortos e feridos.

Porém, tentativas de censurar o livro foram rejeitadas por vários generais cirurgiões do Exército. Pode-se solicitar o livro para o Departamento de Impressão do Governo por US$ 71; no site Amazon.com, o livro consta como fora de estoque, mas o Borden Institute, o departamento médico do Exército, afirmou que milhares de exemplares adicionais seriam impressos.

“Tenho vergonha de dizer que houve gente até no departamento médico que disse ‘só sobre meu cadáver os civis americanos verão isso’”, disse Dr. David E. Lounsbury, um dos três autores do livro. Lounsbury, 58 anos, médico internista e coronel aposentado, participou das invasões do Iraque de 1991 e 2003 e foi editor de textos sobre medicina militar no Walter Reed Army Medical Center.

“O cirurgião comum, seja ele civil ou militar, nunca viu essas coisas”, disse Lounsbury. “Sim, eles viram homens com balas no peito. Mas o tipo de explosão violenta, queimaduras e ferimentos invasivos causados pelos explosivos improvisados não se parecem com nada que eles já viram, até em uma emergência hospitalar de Manhattan. É o tipo de coisa chocante, que faz seu coração gelar, seus olhos se arregalarem. E eles precisam ver isso antes de chegar lá, porque leva-se algum tempo para assimilar essas técnicas.”

Crianças

As imagens de crianças feridas incluem alguns garotos de cinco anos de idade baleados tentando passar por um posto de controle. Outras fotografias mostram feridas cheias de sujeira, genitais decepados por bombas improvisadas, uma costela – provavelmente de um homem-bomba – cravada no corpo de um soldado, e a cauda de um míssil não-detonado saindo do quadril de um soldado.

"É o tipo de coisa chocante, que faz seu coração gelar, seus olhos se arregalarem"

Há momentos que refletem o desespero no país invadido: um afegão com trismo mandibular causado por tétano em decorrência de ferimentos causados por explosões que foram tratados em casa, e não no hospital. E momentos que refletem o exército americano moderno: uma soldada com uma dor pélvica inexplicável, que no fim se revela uma gravidez fora do útero, com risco de morte.

O livro foi elaborado para ensinar técnicas a serem adotadas por cirurgiões, abandonando velhos hábitos. Por exemplo, eles não mais bombeiam solução salina em um paciente com fortes traumas para trazer a pressão chegar novamente aos 120. “Se você faz isso, termina com um paciente altamente fraco, frio, sem coagulação sangüínea, e a alta pressão gera sangramento novamente”, disse Lounsbury. Em vez disso, eles tentam levantar a pressão para apenas 80 ou 90 com hemáceas e plaquetas extras, o que estimula a coagulação.

Além disso, a cirurgia inicial até mesmo em um paciente gravemente ferido deve ser breve – só o suficiente para controlar a hemorragia e evitar a contaminação por um intestino dilacerado. Então o paciente é levado ao tratamento intensivo para se aquecer, aumentar a pressão arterial e recuperar o equilíbrio eletrolítico. A operação seguinte geralmente dura o tempo suficiente para estabilizar o paciente para o transporte para um hospital mais sofisticado, talvez em Bagdá ou Cabul, na Alemanha ou nos Estados Unidos.

Excesso de zelo

O livro descreve um cirurgião que cometeu um erro fatal ao tentar fazer mais do que podia – uma operação de quatro horas de duração em um soldado que perdeu uma perna em uma explosão. O esforço para salvá-lo esgotou todo o banco de sangue do hospital que o atendeu, e o paciente morreu no helicóptero a caminho do próximo hospital.

E mais, neurocirurgiões que tratam vítimas de explosão agora removem uma grande secção do crânio para aliviar a pressão, mesmo se estilhaços de bomba não penetraram no corpo. Pacientes nesses casos às vezes conseguem andar e falar depois de uma explosão, mas depois entram em colapso e morrem por inchação cerebral, por isso esse novo procedimento, que é descrito pelo cirurgião que salvou a vida de Woodruff dessa forma.

Amputações também sofreram alterações. O irmão de Lounsbury perdeu ambas as pernas e um braço no Vietnã, e naquela época as amputações “guilhotina” eram feitas no lugar mais alto possível no membro. Agora, cirurgiões tentam preservar o máximo de osso e carne que puderem, mesmo se o que sobrou do membro seja uma visão horrenda. Os membros postiços de hoje em dia se moldam a ele.

Médicos também se tornaram mais ágeis em diagnosticar “síndrome compartimental” mesmo em pacientes sedados demais para sentir dor; inchação em músculos lesionados pode interromper a circulação sangüínea, levando a gangrena e amputação. Os cirurgiões agora cortam em filetes os músculos para aliviar a pressão, muitas vezes até antes que ela se forme, pois costurar tecidos saudáveis é melhor do que a perda de um membro. E quando a morfina não é suficiente, o bloqueio de nervos – dosagem de anestésico local, geralmente aplicada por uma pequena bomba segurada pelo paciente – se tornou comum no controle da dor.

"Extremamente útil"

O doutor Ramanathan Raju, chefe do departamento médico do New York City Health and Hospitals Corp. e ex-cirurgião, viu o livro e disse que ele seria “extremamente útil” para cirurgiões civis por causa do que ele ensina sobre ferimentos causados por explosões e quando um cirurgião deve parar para deixar o paciente se recuperar. “O exército deveria ficar muito feliz com isso”, disse Raju. “Antes, as pessoas diziam ‘cirurgiões do exército são como açougueiros, não seguem orientações de pesquisas médicas’. O livro mostra o quanto eles são habilidosos”.

Um dos aspectos mais impactantes do livro é que fotografias de salas de cirurgia estão ao lado de fotos da guerra que se passa fora da tenda. O livro está cheio de cenas aleatórias – são veículos pegando fogo, explosões, um médico carregando uma criança, outro usando um gorro de Papai Noel. Ele também traz retratos de soldados, geralmente confusos e exaustos; um deles até tem lágrimas no rosto.

Fotos ainda mais humanas são aquelas dos pacientes em recuperação: um iraquiano cuja mandíbula foi destruída é retratado com o rosto reconstruído, um soldado que perdeu metade do crânio sorrindo em um jantar de cerimônia com a esposa, um soldado cujo rosto foi pulverizado por uma explosão é retratado um ano depois, ainda com cicatrizes, mas bonito.

Oficiais de censura militar sugeriram várias mudanças, incluindo eliminar as fotos que mostram veículos pegando foto e os rostos de qualquer americano ferido. Eles também quiseram apagar qualquer referência a divisões do serviço militar ou a forma como os ferimentos ocorreram.

Por exemplo, segundo e-mails não-confidenciais divulgado pelos autores, um deles sugeria eliminar essa descrição: “Um soldado de capacete sofreu um ferimento na testa durante uma explosão de dispositivos improvisados. Ele era um passageiro sentado no banco da frente” de uma viatura. O censor sugeriu que a descrição ficasse assim: “Um jovem de 22 anos foi ferido em uma explosão”.

Privacidade

Duas pessoas na corrente hierárquica de comando que levantaram essas objeções – um civil e um militar – disseram que só são contra porque se preocupam com a privacidade dos pacientes e por motivos de segurança. Por exemplo, menções a certos padrões de ferimento podem entregar para o inimigo a informação de que capacetes e viaturas são vulneráveis. No entanto, os autores argumentaram que é crucial que os cirurgiões saibam que ferimentos irão ocorrer, mesmo que as vítimas usem proteção, como coletes, e acham um absurdo esconder o que ocorreu. “O inimigo já sabe disso”, disse Dr. Stephen P. Hetz, coronel aposentado e co-autor do livro.

Eles também argumentaram que o livro era destinado a soldados e fuzileiros navais e que os feridos se orgulham de serem identificados como tais. Todos aqueles cujos rostos foram mostrados integralmente, sendo americanos, iraquianos ou afegãos, concederam autorização por escrito, relataram eles. As fotos aleatórias sobre a guerra, argumentaram, foram tiradas até cinco anos atrás e algumas já foram publicadas em jornais, então não dariam aos inimigos nenhuma informação útil.

Os censores também tentaram impedir que o livro obtivesse direitos reservados e o número ISBN (international standard book number), que permite sua venda comercial, disse Lounsbury. No fim das contas, eles foram voto vencido. Kevin C. Kiley, um tenente-geral aposentado que era o cirurgião do exército quando o livro estava sendo elaborado, disse que alguns oficiais do topo da hierarquia militar estavam preocupados que as fotos “pudessem ser usadas politicamente para mostrar os horrores da guerra”.

“O contra-argumento para isso, com o qual eu concordei”, disse Kiley, “era de que esse é um livro médico que pode salvar vidas”. Ele disse que o livro “definitivamente” deveria estar disponível aos civis, particularmente aos cirurgiões.

Hetz afirmou que, sendo ex-aluno da famosa academia militar West Point e ex-oficial de infantaria (e antigo assistente de dois cirurgiões gerais, para os quais ele podia apelar diretamente), ele sempre acreditou mais que no fim o livro não seria reprimido.

“Nunca tive nenhuma dúvida de que o exército publicaria esse livro”, disse Hetz. “Era só uma questão de contornar os idiotas”.

Fonte: The New York Times

08 julho 2008

Licença-maternidade no estado de SP é ampliada para seis meses

Servidoras públicas do estado de São Paulo poderão, a partir desta terça-feira (8), tirar seis meses de licença-maternidade graças à lei complementar que amplia em 60 dias o tempo longe do trabalho. Sancionada na segunda-feira (7) pelo governador José Serra e publicada no Diário Oficial do estado nesta terça, a lei também vale para funcionárias públicas que adotarem crianças com até 7anos de idade.

De acordo com o governo, o objetivo do projeto é proporcionar maior tempo de convívio entre mãe e filho. Atualmente, a licença-maternidade no país é de quatro meses. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), grande parte das mães abandona a amamentação devido à necessidade de retornar ao trabalho ao término do período da licença-maternidade.

No diagnóstico da SBP, consta que o aleitamento materno nos seis primeiros meses de vida da criança é essencial, pois reduz em 17 vezes as chances dela contrair pneumonia, em 5,4 a anemia e em 2,5 a diarréia.

Com a nova lei, segundo o governo paulista, o aleitamento materno exclusivo por seis meses será incentivado. Serra e sua equipe justificam que é nesta fase que se completa o crescimento do cérebro, além da definição da personalidade, razão pela qual a presença constante da mãe é altamente significativa para o grau de desenvolvimento da criança.

Benefício

A lei complementar diz que a licença será concedida a partir do oitavo mês de gestação e, durante o período de afastamento, a servidora não poderá exercer outra atividade remunerada. A criança também não poderá ser mantida em creche ou organização similar. As gestantes que a partir desta terça-feira (8) já estiverem de licença-maternidade terão um acréscimo de 60 dias de benefício, contados a partir do dia seguinte ao término do período anteriormente concedido.

Em maio deste ano, a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou proposta similar de autoria do deputado Edson Giriboni (PV). Após o trâmite, entretanto, Serra vetou a íntegra do projeto pelo que é conhecido como “vício de iniciativa”. De acordo com o texto do veto assinado por Serra, não é de competência de legisladores proporem tal iniciativa.

O governador decidiu encaminhar a proposta do deputado para estudos da Secretaria de Gestão Pública, que elaborou o anteprojeto encaminhado à Assembléia no último dia 4.

Fonte: G1

19 abril 2008

Caso Isabella: Provas que apontam para a culpabilidade do casal

Não havia abordado este assunto, mas com provas mais contundentes já dá para repassar algumas informações. Aliás, estas informações foram o motivo do pedido do indiciamento do casal:

Marcas de sangue deixadas por um corte na testa da menina Isabella Nardoni, 5, dentro do Ford Ka de seu pai, Alexandre Alves Nardoni, 29, e também nos sapatos de Anna Carolina Jatobá, 24, madrasta da menina, somadas aos depoimentos de várias testemunhas que ouviram uma intensa briga entre o casal, foram primordiais para que a polícia os indiciasse pela morte da menina.

Havia sangue de Isabella no encosto traseiro do banco do motorista, na face da lateral esquerda da cadeirinha do irmão mais novo da menina e no assoalho. Isso comprova, segundo os peritos, que as agressões contra Isabella começaram ainda dentro do veículo - e desmonta a versão de Nardoni e da mulher de que não sabiam como o corte constatado na testa da menina foi causado.

A polícia acredita na possibilidade de a madrasta ter dado um tapa na menina e que a agressão a fez bater a cabeça no braço esquerda da cadeirinha.

A menina sangrou muito e uma fralda do irmão mais novo foi usada para estancar o sangue. Já no apartamento, onde foi apreendido um bilhete com "frases de descontentamento desconexas" e com a letra de Anna, Nardoni e a mulher teriam usado uma toalha para limpar o rosto da menina.

Na versão construída pela polícia, o casal teria brigado por ciúmes e Anna Jatobá tentou asfixiar a menina, que desfaleceu. As marcas no pescoço de Isabella correspondem com as das mãos da madrasta.

Para encobrir a violência e por achar que Isabella estava morta, o pai a lançou, com a cabeça para baixo, já que foram achadas marcas das mãos dela entre o 6º e o 5º andares do prédio que indicam essa posição,

Outro indício que leva a polícia a acreditar que Nardoni estava com a filha em seu apartamento no momento em que ela foi lançada pela janela foram as marcas de sangue achadas no hall do apartamento, na sala, no corredor, perto do banheiro, no dormitório dos meninos e no lençol do quarto de Isabella. As manchas de sangue caíram no chão de uma altura de 1,25m e são compatíveis com a altura de Nardoni, segundo os peritos do IC, a carregando no colo.

As marcas de sangue correspondem às mesmas de um adulto caminhando. À distância, as marcas equivalem aos passos de um adulto com o porte físico de Nardoni.

A fratura encontrada no pulso direito de Isabella, segundo os peritos, foi causada por uma atitude de defesa, muito provavelmente quando a menina era agredida pela madrasta.

Foram encontradas duas marcas correspondentes às dos chinelos que Nardoni usava na noite do crime. Para a perícia, elas foram deixadas quando ele acessou a janela por onde arremessou a filha. No quarto havia duas camas de solteiro, uma encostada à outra.

Quando Nardoni subiu nas camas, muito provavelmente com a filha no colo, ele se desequilibrou e as camas se separaram, fazendo com que o lençol que as envolvia caísse. A tela da janela havia sido cortada com uma faca e com um tesoura.

Uma das pegadas estava em um lençol na cama posicionada perto da janela. Essa marca é do chinelo do pé direito de Nardoni. A segunda marca é de um escorregão e corresponde ao pé esquerdo dele. O espaço entre as duas pegadas é compatível com o de um adulto e com as características de Nardoni. As pegadas o colocam, tecnicamente, na cena do crime.

Os peritos também acharam marcas de sangue de Isabella em um par de calçados que Anna usava na noite do crime. Como testemunhas afirmam que ela não chegou perto de Isabella quando a menina foi encontrada caída, essa evidência também a coloca na cena do crime, dentro do apartamento em que vivia com a família.

Fonte: Folha Online

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Veja detalhes da perícia do caso Isabella

Os laudos da perícia são peças técnicas, resultado das várias visitas dos peritos ao local do crime e do exame do corpo da vítima. O trabalho foi registrado em três conjuntos de laudos.

Horário

Um deles trata da imagem do carro de Alexandre Nardoni e Anna Carolina, gravada pelas câmeras do prédio da frente ao deles, o Edifício London. Mas, ao contrário do que os peritos pretendiam, não foi possível precisar a hora que o casal chegou.

Politraumatismo

Outro documento é sobre o corpo da menina, e traz a causa da morte: politraumatismo (várias fraturas). O quadro foi agravado pela asfixia que Isabella sofreu quando ainda estava no apartamento.

Cena do crime

O conjunto de laudos mais complexo é aquele que retrata a cena do crime - o que inclui o carro dos Nardoni. Os peritos concluíram que havia sangue dela no encosto do banco dianteiro, atrás do motorista; no assoalho entre as duas fileiras de bancos e na lateral da cadeirinha de bebê, no banco de trás.

Estratégia

O sangue de Isabella no carro da família era a prova pericial que a polícia guardava em sigilo. Durante a investigação, peritos chegaram a dizer que os vestígios eram insuficientes para fazer o exame e que não tinham certeza se o material era sangue. Mas se tratava de uma estratégia. A defesa só teve acesso a essa informação nesta sexta-feira (18), durante o interrogatório do pai da menina. Os peritos fizeram ainda uma simulação: um homem com a mesma altura de Alexandre Nardoni jogou uma boneca pelo buraco de uma rede de proteção. A rede deixou marcas na camiseta que o homem usava. Marcas do mesmo tipo foram encontradas na camiseta do pai de Isabella.

Pegadas

No quarto de onde Isabella foi jogada, havia três pegadas. Todas de Alexandre Nardoni. Pela simulação da perícia, ele subiu na cama das crianças e se desequilibrou.

Muro

Os peritos também afirmam que a única forma de entrar no prédio sem ser visto seria escalando o muro. Mas eles não acharam sinal algum de invasão - e descartaram a possibilidade uma terceira pessoa na cena do crime, além do casal.

Sangue

Os pingos de sangue de Isabella faziam um caminho da porta de entrada do apartamento até o quarto de onde ela foi arremessada. Quando o sangue pingou, Isabella estava a uma distância entre 1,2 metro e 1,5 metro do chão. Os peritos consideraram que a menina, ferida, era carregada por alguém que tem a altura compatível com a de Alexandre Nardoni, o pai.

Fralda

Os peritos afirmam ainda que a fralda encontrada no apartamento, suja de sangue de Isabella, já havia sido usada dentro do carro. Tanto a fralda, como uma toalha sujas de sangue foram lavadas no mesmo dia. Mas o sangue deixou vestígios.

Fonte: G1

07 abril 2008

07 de abril - Dia do Jornalista

Dia 07 de abril é o dia do Jornalista e aniversário da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Fundada no Rio de Janeiro (RJ), em 1908, a ABI completa um século de existência e, devido a sua importância na vida da categoria e da vida nacional, o dia de sua fundação foi definido como o Dia Nacional do Jornalista.

Com a criação da ABI, os jornalistas tomaram um forte impulso na luta pela conquista da dignidade da profissão. Novos marcos vieram com os avanços na regulamentação da profissão, com as primeiras leis e decretos nas décadas de 1930 e 1940 e, finalmente, com o Decreto 972, de 1969, que estabeleceu a necessidade da formação universitária específica para o exercício do jornalismo na maioria das funções jornalísticas, que hoje encontra-se em debate na justiça brasileira.

Os avanços conseguidos posteriormente, também foram fundamentais. Entre eles, a criação dos Sindicatos (o de São Paulo surgiu no dia 15 de abril de 1937), a criação da FENAJ em 1946 e a conquista do piso salarial, resultado da greve vitoriosa de 1961.



Dois Séculos

A imprensa no Brasil completa 200 anos em 2008. Foi em 1808, que o exilado Hipólito José da Costa lançava, de Londres, o Correio Brasiliense (com S), o primeiro jornal brasileiro - ainda que fora do Brasil. Pouco depois, em 10 setembro de 1808, no Rio de Janeiro, foi criada a Gazeta do Rio de Janeiro, órgão oficial do governo português.

Fonte: O Jornalista

04 abril 2008

O DOSSIÊ EM RESUMO

1 - O QUE JÁ SE SABIA

Foi montado na Casa Civil um dossiê com despesas sigilosas de FHC, da primeira-dama e de ministros. O documento tem características distintas do Suprim, o sistema oficial que o governo disse estar atualizando para atender ao TCU e a eventuais pedidos da CPI O dossiê As despesas são relacionadas fora de ordem cronológica e há ênfase a gastos com bebidas alcoólicas e outros itens com potencial, em tese, para exploração política "Banco de dados" O Planalto nega tratar-se de um dossiê.

Diz que é um "banco de dados", mas recusa-se a explicar por que a digitação foi feita fora do Suprim e por que ela começou quando o Congresso passou a discutir uma CPI dos Cartões.

2 - O QUE É REVELADO HOJE

O dossiê não se resume às 13 páginas divulgadas até agora ela imprensa. Ele é maior. A Folha obteve os registros de que eles foram produzidos de um computador da Casa Civil a partir de 11 de fevereiro, com anotações e edição que vão além do mero registro de dados do Suprim. Os dados foram separados em pastas.

3 - O QUE FALTA ESCLARECER

Quem, dentro da Casa Civil, vazou o dossiê.

Planilhas com despesas de ex-ministros têm até referência a tapioca da "era tucana"

As novas planilhas do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, às quais a Folha teve acesso, possuem subpastas específicas para ex-ministros e fazem referência à tapioca comprada na gestão tucana.

A tapioca está no centro simbólico do escândalo dos gastos dos ministros do governo Lula com cartões corporativos. Na Casa Civil, foi encontrado caso semelhante. Assim como o ministro Orlando Silva (Esporte) gastou R$ 8,30 no cartão numa tapiocaria de Brasília, há no dossiê lançamento de R$ 16, em 9 de maio de 2000, referente à aquisição de pacote de tapioca pelo ecônomo José Ivo de Souza Barbosa.

Há também planilhas individuais para a ex-primeira-dama, identificada só como Ruth, para três ministros do governo passado -Clóvis Carvalho (Casa Civil e Desenvolvimento), Eduardo Jorge (Secretaria Geral) e Arthur Virgílio (Secretaria Geral)- e uma última para a ex-chef do Palácio da Alvorada Roberta Sudbrack.

Do total de 532 lançamentos de despesas, há 230 só com alimentação, a grande maioria de produtos finos, como azeites, café e outros artigos importados. Há 68 lançamentos para bebidas, muitos dos quais vinhos também importados.

Há registros como 24 garrafas de vinho importado comprado na Maison du Vin por R$ 2.144. Numa outra compra de vinho foram gastos R$ 4.825. Há também 1,6 quilo de patê de foie gras importado da França (R$ 185,60), dez charutos, um cortador de charutos e uma caixa de fósforos (R$ 168,90), R$ 1.321 com frutos do mar, além de bacalhau (R$ 505,79) e compras no mercado La Palma, um dos mais caros de Brasília.

Numa coluna de observações há registros como "carnes finas", "champanhe", "vinho do Porto", o que indica que as notas referentes às compras também foram consultadas. Ou seja, preocupação maior do que simplesmente informar as despesas de forma burocrática.

Há também muitos gastos com locação de veículos, roupas e acessórios de vestuário e despesas pouco usuais, como artigos natalinos (uma de R$ 1.008 e outra de R$ 83) "para ser usada no local onde se hospedou o sr. presidente no RJ".

Há também compra de objetos como toucas de banho, óculos de natação e muitos artigos de higiene pessoal, como xampu, sabonetes e barbeadores.

A ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) foi convidada a pedir demissão após ter vindo a público uma série gastos feitos por ela no cartão corporativo da Presidência que foram considerados irregulares, como uma compra no free shop no valor de R$ 461,16. Ela também não justificou gastos de R$ 22,4 mil, segundo conclusão de uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União).

A maior parte dos gastos de Matilde, assim como os referentes à ex-primeira-dama Ruth Cardoso, foram com locação de veículos. Orlando Silva não chegou a deixar o cargo, mas devolveu por sua própria conta R$ 30 mil até que seus gastos sejam auditados.

No primeiro trimestre deste ano, foram noticiados pela imprensa vários gastos da Presidência com carnes nobres, vinhos e outras bebidas num padrão semelhante aos dados do dossiê referente ao período FHC. Assim como no relatório de 13 páginas revelado anteriormente, as demais planilhas do dossiê não têm uma seqüência de datas ou de padrão.

LEONARDO SOUZA E MARTA SALOMON

Arquivo detalha dossiê da Casa Civil contra FHC

Conjunto de planilhas, com 27 páginas, saiu pronto do Planalto

Organização dos dados sobre gastos da Presidência começou em 11 de fevereiro e seguiu diretriz política, e não lógica administrativa

Cópia de arquivo extraído diretamente da rede de computadores da Casa Civil mostra que o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da sua mulher, Ruth, de ministros tucanos e até da chef de cozinha de FHC saiu pronto do Palácio do Planalto.

O documento, a que a Folha teve acesso, afasta a possibilidade de que tenha havido adulteração nos dados arquivados pela Casa Civil que o governo chama de base de dados, feito de forma paralela ao sistema de controle de gastos de suprimento de fundos, o Suprim.

O conjunto das planilhas, com 27 páginas e 532 lançamentos de despesas ao todo, revela que às 15h28 do dia 11 de fevereiro, a Casa Civil começou a lançar nas planilhas dados colhidos de processos de prestações de contas dos gastos de suprimentos de fundos da Presidência entre 1998 e 2002. Os processos foram retirados do arquivo morto, guardado num prédio anexo do Planalto.

O documento digital revela que, no período de uma semana, foram criadas pastas diferentes para 1998, ano em que FHC foi reeleito, e os quatro anos do segundo mandato.

Foram agrupadas separadamente, também, as despesas de Ruth Cardoso, da chef de cozinha Roberta Sudbrack e de dois dos ministros mais poderosos do Planalto na época, Eduardo Jorge (Secretaria Geral da Presidência) e Clóvis Carvalho (Casa Civil e Desenvolvimento), além de Arthur Virgílio, senador tucano que exerceu o cargo de secretário-geral da Presidência.

O documento mostra como estava essa base de dados da Casa Civil até 18 de fevereiro, mais de um mês antes de a revista "Veja" noticiar a existência de um dossiê destinado supostamente a constranger a oposição a Lula no Congresso.

Na data da criação do arquivo ainda não havia sido instalada a CPI dos Cartões, mas a investigação no Congresso de despesas do governo Lula com cartões corporativos tornara-se inevitável. Aliados governistas conseguiriam depois estender as investigações a 1998 e ao segundo mandato de FHC.

A organização dos dados seguiu uma lógica política, e não administrativa. As planilhas, fartas em registros de compras de bebidas alcoólicas, trazem anotações que poderiam orientar os aliados governistas nos trabalhos da CPI.

É identificada também a sigla PR (Presidência da República) na planilha Excel como a empresa onde foi gerado o arquivo. Conforme a Folha revelou na sexta-feira passada, a ordem para a confecção do dossiê foi dada por Erenice Guerra, a número dois da ministra Dilma Rousseff na Casa Civil.

Detalhes do arquivo afastam a possibilidade de montagem a partir de "fragmentos" da base de dados do Planalto.

Anteontem à noite, por meio de nota de sua assessoria, a Casa Civil levantou essa possibilidade como uma nova versão para o caso do dossiê.

"A planilha de 13 páginas, mencionada pelo jornal em suas reportagens, contém informações que constam no banco de dados, como reconhecemos desde o início. No entanto, ela não confere com as nossas nem na seqüência nem na forma de organização das informações. Tal fato sugere a possibilidade de ter sido montada com fragmentos da base de dados", diz a nota.

As pastas do arquivo mostram que não foi mudada nem sequer uma vírgula no relatório de 13 páginas que circulou no Congresso - nem na ordem dos dados nem na organização das informações, com viés claramente político.

Ou seja, o dossiê que chegou às mãos de parlamentares saiu como estava arquivado nos computadores da Casa Civil.

O arquivo registra, nas propriedades do programa Excel, datas e horários de acesso à base de dados do Planalto. Essas informações poderiam ser verificadas por meio de perícia, mas a Casa Civil não admite essa possibilidade.

Desde o início da crise do dossiê, 13 dias atrás, a equipe da ministra Dilma, assim como o ministro da Justiça, Tarso Genro, descartam a possibilidade de a Polícia Federal participar das investigações.

Por ora, elas estão restritas a uma comissão de sindicância composta por três funcionários públicos e que se reporta à Casa Civil, de onde partiu a ordem para montar o banco de dados.

A Casa Civil reconheceu que mandou fazer o banco de dados visando eventuais requerimentos da CPI - que nem estava instalada. Em 20 de fevereiro, dois dias depois da abertura do arquivo do dossiê na Casa Civil, Dilma diria a empresários em um jantar que estava levantando gastos tucanos e que o governo não iria apanhar quieto.

Na versão da Casa Civil, os dados seriam transferidos para o sistema oficial de controle de despesas de suprimento de fundos da Presidência da República, o Suprim.
O governo alegou problemas de ordem tecnológica e a desorganização dos processos de prestação de contas de FHC para justificar a montagem de uma base de dados paralela ao Suprim.

LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
FOLHA DE S.PAULO

31 março 2008

Nome dos mortos pelo golpe de 64

Nome dos mortos ou desaparecidos durante o golpe de 1964 que completa essa semana 44 anos:

Abelardo Rausch Alcântara

Abílio Clemente Filho

Aderval Alves Coqueiro

Adriano Fonseca Filho

Afonso Henrique Martins Saldanha

Alberi Vieira dos Santos

Albertino José de Oliveira

Alberto Aleixo

Alceri Maria Gomes da Silva

Aldo de Sá Brito Souza Neto

Alex de Paula Xavier Pereira

Alexander José Ibsen Voeroes

Alexandre Vannucchi Leme

Alfeu de Alcântara Monteiro

Almir Custódio de Lima

Aluísio Palhano Pedreira Ferreira

Amaro Luíz de Carvalho

Ana Maria Nacinovic Corrêa

Ana Rosa Kucinski Silva

Anatália de Souza Melo Alves

André Grabois

Ângelo Arroyo

Ângelo Cardoso da Silva

Ângelo Pezzuti da Silva

Antogildo Pacoal Vianna

Antônio Alfredo de Lima

Antônio Benetazzo

Antônio Carlos Bicalho Lana

Antônio Carlos Monteiro Teixeira

Antônio Carlos Nogueira Cabral

Antônio Carlos Silveira Alves

Antônio de Pádua Costa

Antônio dos Três Reis Oliveira

Antônio Ferreira Pinto (Alfaiate)

Antônio Guilherme Ribeiro Ribas

Antônio Henrique Pereira Neto (Padre Henrique)

Antônio Joaquim Machado

Antonio Marcos Pinto de Oliveira

Antônio Raymundo Lucena

Antônio Sérgio de Mattos

Antônio Teodoro de Castro

Ari da Rocha Miranda

Ari de Oliveira Mendes Cunha

Arildo Valadão

Armando Teixeira Frutuoso

Arnaldo Cardoso Rocha

Arno Preis

Ary Abreu Lima da Rosa

Augusto Soares da Cunha

Áurea Eliza Pereira Valadão

Aurora Maria Nascimento Furtado

Avelmar Moreira de Barros

Aylton Adalberto Mortati

Benedito Gonçalves

Benedito Pereira Serra

Bergson Gurjão Farias

Bernardino Saraiva

Boanerges de Souza Massa

Caiuby Alves de Castro

Carlos Alberto Soares de Freitas

Carlos Eduardo Pires Fleury

Carlos Lamarca

Carlos Marighella

Carlos Nicolau Danielli

Carlos Roberto Zanirato

Carlos Schirmer

Carmem Jacomini

Cassimiro Luiz de Freitas

Catarina Abi-Eçab

Célio Augusto Guedes

Celso Gilberto de Oliveira

Chael Charles Schreier

Cilon da Cunha Brun

Ciro Flávio Salasar Oliveira

Cloves Dias Amorim

Custódio Saraiva Neto

Daniel José de Carvalho

Daniel Ribeiro Callado

David Capistrano da Costa

David de Souza Meira

Dênis Casemiro

Dermeval da Silva Pereira

Devanir José de Carvalho

Dilermano Melo Nascimento

Dimas Antônio Casemiro

Dinaelza Soares Santana Coqueiro

Dinalva Oliveira Teixeira

Divino Ferreira de Souza

Divo Fernandes de Oliveira

Djalma Carvalho Maranhão

Dorival Ferreira

Durvalino de Souza

Edgard Aquino Duarte

Edmur Péricles Camargo

Edson Luis de Lima Souto

Edson Neves Quaresma

Edu Barreto Leite

Eduardo Antônio da Fonseca

Eduardo Collen Leite (Bacuri)

Eduardo Collier Filho

Eiraldo Palha Freire

Elmo Corrêa

Elson Costa

Elvaristo Alves da Silva

Emanuel Bezerra dos Santos

Enrique Ernesto Ruggia

Epaminondas Gomes de Oliveira

Eremias Delizoicov

Eudaldo Gomes da Silva

Evaldo Luiz Ferreira de Souza

Ezequias Bezerra da Rocha

Félix Escobar Sobrinho

Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira

Fernando Augusto Valente da Fonseca

Fernando Borges de Paula Ferreira

Fernando da Silva Lembo

Flávio Carvalho Molina

Francisco das Chagas Pereira

Francisco Emanoel Penteado

Francisco José de Oliveira

Francisco Manoel Chaves

Francisco Seiko Okama

Francisco Tenório Júnior

Frederico Eduardo Mayr

Gastone Lúcia Carvalho Beltrão

Gelson Reicher

Geraldo Magela Torres Fernandes da Costa

Gerosina Silva Pereira

Gerson Theodoro de Oliveira

Getúlio de Oliveira Cabral

Gilberto Olímpio Maria

Gildo Macedo Lacerda

Grenaldo de Jesus da Silva

Guido Leão

Guilherme Gomes Lund

Hamilton Fernando da Cunha

Helber José Gomes Goulart

Hélcio Pereira Fortes

Helenira Rezende de Souza Nazareth

Heleny Telles Ferreira Guariba

Hélio Luiz Navarro de Magalhães

Henrique Cintra Ferreira de Ornellas

Higino João Pio

Hiran de Lima Pereira

Hiroaki Torigoe

Honestino Monteiro Guimarães

Iara Iavelberg

Idalísio Soares Aranha Filho

Ieda Santos Delgado

Íris Amaral

Ishiro Nagami

Ísis Dias de Oliveira

Ismael Silva de Jesus

Israel Tavares Roque

Issami Nakamura Okano

Itair José Veloso

Iuri Xavier Pereira

Ivan Mota Dias

Ivan Rocha Aguiar

Jaime Petit da Silva

James Allen da Luz

Jana Moroni Barroso

Jane Vanini

Jarbas Pereira Marques

Jayme Amorim Miranda

Jeová Assis Gomes

João Alfredo Dias

João Antônio Abi-Eçab

João Barcellos Martins

João Batista Franco Drummond

João Batista Rita

João Bosco Penido Burnier (Padre)

João Carlos Cavalcanti Reis

João Carlos Haas Sobrinho

João Domingues da Silva

João Gualberto Calatroni

João Leonardo da Silva Rocha

João Lucas Alves

João Massena Melo

João Mendes Araújo

João Roberto Borges de Souza

Joaquim Alencar de Seixas

Joaquim Câmara Ferreira

Joaquim Pires Cerveira

Joaquinzão

Joel José de Carvalho

Joel Vasconcelos Santos

Joelson Crispim

Jonas José Albuquerque Barros

Jorge Alberto Basso

Jorge Aprígio de Paula

Jorge Leal Gonçalves Pereira

Jorge Oscar Adur (Padre)

José Bartolomeu Rodrigues de Souza

José Campos Barreto

José Carlos Novaes da Mata Machado

José de Oliveira

José de Souza

José Ferreira de Almeida

José Gomes Teixeira

José Guimarães

José Huberto Bronca

José Idésio Brianezi

José Inocêncio Pereira

José Júlio de Araújo

José Lavechia

José Lima Piauhy Dourado

José Manoel da Silva

José Maria Ferreira Araújo

José Maurílio Patrício

José Maximino de Andrade Netto

José Mendes de Sá Roriz

José Milton Barbosa

José Montenegro de Lima

José Porfírio de Souza

José Raimundo da Costa

José Roberto Arantes de Almeida

José Roberto Spiegner

José Roman

José Sabino

José Silton Pinheiro

José Soares dos Santos

José Toledo de Oliveira

José Wilson Lessa Sabag

Juarez Guimarães de Brito

Juarez Rodrigues Coelho

Kleber Lemos da Silva

Labib Elias Abduch

Lauriberto José Reyes

Líbero Giancarlo Castiglia

Lígia Maria Salgado Nóbrega

Lincoln Bicalho Roque

Lincoln Cordeiro Oest

Lourdes Maria Wanderley Pontes

Lourenço Camelo de Mesquita

Lourival de Moura Paulino

Lúcia Maria de Souza

Lucimar Brandão

Lúcio Petit da Silva

Luís Alberto Andrade de Sá e Benevides

Luís Almeida Araújo

Luís Antônio Santa Bárbara

Luís Inácio Maranhão Filho

Luis Paulo da Cruz Nunes

Luiz Affonso Miranda da Costa Rodrigues

Luiz Carlos Almeida

Luiz Eduardo da Rocha Merlino

Luiz Eurico Tejera Lisbôa

Luiz Fogaça Balboni

Luiz Gonzaga dos Santos

Luíz Guilhardini

Luiz Hirata

Luiz José da Cunha

Luiz Renato do Lago Faria

Luiz Renato Pires de Almeida

Luiz Renê Silveira e Silva

Luiz Vieira

Luíza Augusta Garlippe

Lyda Monteiro da Silva

Manoel Aleixo da Silva

Manoel Fiel Filho

Manoel José Mendes Nunes de Abreu

Manoel Lisboa de Moura

Manoel Raimundo Soares

Manoel Rodrigues Ferreira

Manuel Alves de Oliveira

Manuel José Nurchis

Márcio Beck Machado

Marco Antônio Brás de Carvalho

Marco Antônio da Silva Lima

Marco Antônio Dias Batista

Marcos José de Lima

Marcos Nonato Fonseca

Margarida Maria Alves

Maria Ângela Ribeiro

Maria Augusta Thomaz

Maria Auxiliadora Lara Barcelos

Maria Célia Corrêa

Maria Lúcia Petit da Silva

Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo

Maria Regina Marcondes Pinto

Mariano Joaquim da Silva

Marilena Villas Boas

Mário Alves de Souza Vieira

Mário de Souza Prata

Maurício Grabois

Maurício Guilherme da Silveira

Merival Araújo

Miguel Pereira dos Santos

Milton Soares de Castro

Míriam Lopes Verbena

Neide Alves dos Santos

Nelson de Souza Kohl

Nelson José de Almeida

Nelson Lima Piauhy Dourado

Nestor Veras

Newton Eduardo de Oliveira

Nilda Carvalho Cunha

Nilton Rosa da Silva (Bonito)

Norberto Armando Habeger

Norberto Nehring

Odijas Carvalho de Souza

Olavo Hansen

Onofre Pinto

Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior

Orlando Momente

Ornalino Cândido da Silva

Orocílio Martins Gonçalves

Osvaldo Orlando da Costa

Otávio Soares da Cunha

Otoniel Campo Barreto

Pauline Reichstul

Paulo César Botelho Massa

Paulo Costa Ribeiro Bastos

Paulo de Tarso Celestino da Silva

Paulo Mendes Rodrigues

Paulo Roberto Pereira Marques

Paulo Stuart Wright

Pedro Alexandrino de Oliveira Filho

Pedro Domiense de Oliveira

Pedro Inácio de Araújo

Pedro Jerônimo de Souza

Pedro Matias de Oliveira (Pedro Carretel)

Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar

Péricles Gusmão Régis

Raimundo Eduardo da Silva

Raimundo Ferreira Lima

Raimundo Gonçalves Figueiredo

Raimundo Nonato Paz

Ramires Maranhão do Vale

Ranúsia Alves Rodrigues

Raul Amaro Nin Ferreira

Reinaldo Silveira Pimenta

Roberto Cieto

Roberto Macarini

Roberto Rascardo Rodrigues

Rodolfo de Carvalho Troiano

Ronaldo Mouth Queiroz

Rosalindo Souza

Rubens Beirodt Paiva

Rui Osvaldo Aguiar Pftzenreuter

Ruy Carlos Vieira Berbert

Ruy Frazão Soares

Santo Dias da Silva

Sebastião Gomes da Silva

Sérgio Correia

Sérgio Landulfo Furtado

Severino Elias de Melo

Severino Viana Colon

Sidney Fix Marques dos Santos

Silvano Soares dos Santos

Soledad Barret Viedma

Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones

Stuart Edgar Angel Jones

Suely Yumiko Kanayama

Telma Regina Cordeiro Corrêa

Therezinha Viana de Assis

Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto

Tito de Alencar Lima (Frei Tito)

Tobias Pereira Júnior

Túlio Roberto Cardoso Quintiliano

Uirassu de Assis Batista

Umberto Albuquerque Câmara Neto

Valdir Sales Saboya

Vandick Reidner Pereira Coqueiro

Victor Carlos Ramos

Virgílio Gomes da Silva

Vítor Luíz Papandreu

Vitorino Alves Moitinho

Vladimir Herzog

Walkíria Afonso Costa

Walter de Souza Ribeiro

Walter Kenneth Nelson Fleury

Walter Ribeiro Novaes

Wânio José de Mattos

Wilson Silva

Wilson Souza Pinheiro

Wilton Ferreira

Yoshitane Fujimori

Zuleika Angel Jones


Fonte: Desaparecidorpoliticos.org.br

Biografias no site fonte. A sua liberdade de opinião custou a vida deles.

13 março 2008

Pentágono admite que não existiam laços entre Saddam e al-Qaeda

A suposta ligação foi o argumento usado por George W. Bush para invadir o Iraque.

Os militares limitaram a distribuição do estudo, disponível apenas por encomenda.

Um amplo estudo do Pentágono, publicado com extrema discrição, confirmou a inexistência de vínculos diretos entre o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e a rede al-Qaeda, pretexto que foi utilizado pelo presidente George W. Bush para justificar a invasão ao Iraque.

Os militares americanos limitaram a distribuição desse estudo, disponível apenas por encomenda e enviado pelo correio, ao invés de divulgá-lo na internet.

Cinco anos depois do início da guerra no Iraque, o relatório, baseado na análise de 600 mil documentos oficiais iraquianos e milhares de horas de interrogatórios de ex-colaboradores do ex-governante iraquiano, "não encontrou qualquer conexão direta no Iraque entre Saddam e al-Qaeda."

Outros informes, dirigidos pela comissão investigadora dos ataques de 11 de setembro de 2001 ou pelos serviços do inspetor-geral do Pentágono em 2007, haviam chegado à mesma conclusão, mas nenhum dos estudos anteriores havia tido acesso a tantas informações.

Segundo um resumo do novo estudo do Pentágono, que pode ser lido num link no site do canal ABC, Saddam Hussein apoiava grupos terroristas e o terrorismo de estado havia se tornado uma rotina útil para manter seu poder, mas "os alvos privilegiados deste terror de Estado eram os cidadãos iraquianos."

Fontes: AFP / G1

Um breve comentário:

Junte-se esta notícia aos seguintes fatos: o Iraque não fabricava armas químicas como alegava os EUA e a execução sumária de Saddam Hussein, além, é claro, da destruição do Iraque - com a consequente morte de milhares de civis iraquianos e, também, de soldados americanos e de países aliados, teríamos elementos suficientes para que o Tribunal Internacional de Haia (Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça) levasse à julgamento George W. Bush e seu séquito de vendedores de armas e negociantes de petróleo. Lamentavelmente sabemos que nada disso acontecerá.