25 setembro 2006

CANDIDATOS BIZARROS

A cada eleição, figuras anônimas trocam o anonimato das ruas por seus 15 segundos (normalmente menos) de fama. Este ano, graças ao mais popular dos sites de compartilhamento de vídeo, ilustres personagens da vida eleitoral brasileira extrapolaram os limites das telinhas e ganharam notoriedade na rede mundial de computadores. No Youtube, portal que recebe mais de 20 milhões de visitantes por mês em todo o mundo, é possível encontrar vídeos de alguns desses postulantes à vida pública. Há candidatos para todos os gostos, e todos os votos.

Dono de um discurso também inflamado, Osmar Lins Peroba (PAN), se "popularizou" com o chavão "Peroba neles", usado em sua campanha eleitoral em 2002 contras os políticos "cara-de-pau". Candidato a deputado estadual em São Paulo, tenta repetir a dose contra sanguessugas e mensaleiros. "Eles se aposentaram, renunciaram e estão de volta. Deve ser gostoso 'as teta' do Estado" (acesse aqui).

Dono do discurso mais radical entre os partidos com espaço no horário eleitoral, o PCO atropelou o idioma de Camões e Machado de Assis, no Rio Grande do Sul, ao protestar contra a "impuguinação" (sic) da candidatura de Rui Costa Pimenta à Presidência da República (veja o vídeo).

Pedindo ao eleitor mato-grossense que o mande, com o "seu verdinho", para a "assembréia", o Tenente Lara (PHS) dispara uma sucessão de expressões típicas do interior do país: "Em primeiro de outubro, a onça vai beber água, a jeripoca vai piar. Aqui o couro come, a coruja vai cantar. 31031. Vamos à assembréia renovar. É pauleira, é aroeira, é cuiabano da lixeira" (acesse o vídeo).

O humor também é o mote de Gil Móveis, candidato a deputado estadual pelo PV no Rio Grande do Norte. "Já reformei muito estofado. Agora, depois da minha formação acadêmica, quero reformar a Assembléia do nosso estado, caçando ratos e corruptos. Tchau, ratos", diz, enquanto apresenta um legítimo representante da espécie (veja). O bichinho também é personagem de outro episódio do horário eleitoral de Gil (clique aqui).

Aparecendo de cabeça pra baixo, o candidato a deputado federal pelo PSDC da Bahia Daluz se apressa a esclarecer ao eleitor: "Não, não é a sua TV que está quebrada. Quem está quebrada é a Bahia. A Bahia está de cabeça pra baixo. Você pode mudar isso" (assista).

Do PSDC, aliás, também vem o Coronel Gondim, candidato a governador do Ceará. "Enquanto eles prometem um mar de rosas, um United States of Siará, Coronel Gondim sabe como fazer segurança...", diz ele (veja). Autoproclamando-se o "governador da segurança", Coronel Gondim promete não dar moleza à "bandidagem", à qual dá o prazo de 24 horas para deixar o estado após a sua eleição. "Garantida a segurança, o restante a gente corre atrás", considera. "Em dois meses na política, vi mais bandidagem do que nos meus 33 anos na polícia militar", afirma (confira).

Quem também tenta chegar à capital federal pela via do humor é a candidata Superzefa (PTdoB-RJ), nome "parlamentar" adotado por Regina Célia de Souza Bento. "Pelas criança, 'pelos idoso' e 'pelos animal', Superzefa para federal. Número 7, 'dois ovo' e um pau", diz ela ao se referir ao número de sua candidatura: 7001 (confira aqui).

Outros chamam a atenção pela simplicidade, calculada ou não. Com o chapéu na cabeça e camisa vermelha, José de Castro Viana, mais conhecido como Mazarope da Carroça, pede voto para ser deputado federal: "Se eu não conseguir chegar na sua cidade, anote o meu número no papel. É 1380, 1380" (assista).

Ganhar de presente do eleitor uma cadeira em Brasília é objeto de desejo até do Papai Noel, candidato a deputado federal pelo PST em São Paulo. "Não, não agüento mais, roubaram até o meu trenó.Chega de ladrão, vota no Papai Noel", grita o candidato, entre roupas vermelhas e barba postiça branca (veja).

"Não, não, aposentado não está morto, não", canta, com a voz cavernosa, Emanuel dos Aposentados, candidato a deputado estadual na Bahia, ao se levantar de um caixão para mostrar "a força do aposentado". Ele pode até não ganhar, mas lidera o ranking dos candidatos mais conhecidos do país no quesito das bizarrices eleitorais (clique para ver o vídeo).

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