22 setembro 2006

Suspense na eleição

Os problemas de Alckmin ainda não acabaram. Mas, graças à entrada em cena de um time completo de “personal dossiê adquirators” da equipe Tabajara de "inteligência" do PT, o que era impensável –a hipótese do segundo turno—ganhou ares de vaga possibilidade.
Duas novas pesquisas divulgadas nesta quinta -Ibope (gráfico abaixo) e Vox Populi- reiteram o favoritismo de Lula, num quadro que pode ser definido como estável. Mas o presidente oscilou para baixo em uma delas. E Alckmin deslizou para cima em ambas. De acordo com o Ibope, Lula foi de 50% para 49%; Alckmin,de 29% para 30%. Os pesquisadores do Ibope foram às ruas entre 18 e 20 de setembro.
Na sondagem do Vox Populi, Lula foi de 50% para 51%. E Alckmin, de 25% para 27%. A diferença é que a pesquisa do Vox Populi, realizada entre os dias 16 e 19 de setembro, foi fechada antes da do Ibope.
Para cavar uma vaga segura no segundo turno, Alckmin precisa abrir um dique nos índices de Lula. A fenda precisa ser grande o bastante para fazer escoar da taxa de intenções de voto do adversário algo como cinco pontos percentuais (coisa de 7 milhões de votos).
É fácil? De jeito nenhum. É impossível? Não. Sobretudo depois que o PT presenteou Alckmin com o “fato novo” que o tucanato procurava ou durante toda a campanha. Os especialistas, que antes descartavam o segundo turno em uníssono, agora soam mais cautelosos.
Correndo contra o tempo, os marqueteiros de Alckmin transformaram o dossiêgate no grande mote da propaganda televisiva. Nesta quinta, o programa tucano exibiu fúria inédita. Foi quase que totalmente tomado pelo esforço de vincular Lula ao novo escândalo.
Depois de associar todos os personagens do dossiêgate ao presidente –o assessor palaciano, o churrasqueiro, os funcionários do comitê reeleitoral e o coordenador da campanha—, a propaganda tucana proporcionou ao telespectador uma imagem que a Polícia Federal sonegara.
Exibiu-se na telinha uma pilha de papéis em formato de dinheiro para dar ao eleitor uma idéia do tamanho do monturo de notas apreendido com os petistas que transacionavam a compra do dossiê antitucano na semana passada. “Dinheiro vivo”, frisou o locutor.
O próprio Alckmin, que em programas anteriores vinha transferindo aos locutores as críticas a Lula, interveio diretamente. "O assessor especial está envolvido, auxiliares de Lula estão envolvidos, o presidente do PT está envolvido" disse o candidato, em timbre enfático. "Que presidente é esse que não sabe de nada, não viu nada? Um presidente tem a obrigação de saber o que se passa ao redor dele". Instou o eleitorado a “Varrer da história do país escândalos e mais escândalos."
Lula, que vinha ignorando olimpicamente os ataques, viu-se compelido a defender-se. A parte inicial do programa desta quinta foi reservada a um pronunciamento do presidente. Disse que a corrupção aparece porque seu governo não tentou “varrer o lixo para baixo do tapete”. Informou ter afastado todos os envolvidos no dossiêgate, inclusive Ricardo Berzoini, seu coordenador de campanha. Declarou-se avesso ao uso de dossiês –“Esse nunca foi e nunca será o meu estilo.”
O embate retórico será repisado nos programas que ainda restam até o dia da eleição. Serão mais três, sem contar as inserções distribuídas ao longo da programação. As próximas pesquisas dirão se o segundo turno –hoje uma vaga possibilidade—pode ou não ocorrer. Datafolha e Ibope informaram ao TSE que farão novas sondagens. A do Datafolha será fechada nesta sexta. A do Ibope, no domingo.

Por: Josias de Souza

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